Assim como o corpo é composto de órgãos, músculos, ossos, pele e poros, um casarão é composto por janelas, portas, mirantes, escadarias, corredores e azulejos, um verdadeiro labirinto.INTRODUÇÃO
Partindo do pressuposto da depredação e deterioração dos casarões de São Luis, que há mais de quinze anos é considerada como patrimônio histórico cultural da humanidade, o núcleo atmosfera de dança-teatro, mostra sua inquietação na apresentação de o labirinto dos poros onde a relação corpo, texto, imagens e objeto tornam-se presentes na co-relação entres esses casarões, paradoxo é afirmar que com grande acervo arquitetônico, esse tesouro histórico se ver esquecido ao tempo, nesta luta o intuito do núcleo é buscar do público ludovicense a reflexão de que enquanto esses casarões estão caindo muitos grupos artistas estão necessitando de seu próprio espaço, na solução em que a melhor política é a ocupação do mesmo.
“A explicação do enigma é repetição do próprio enigma”( Clarice Lispector )
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." (Clarice Lispector)
NA PARTITURA DE “ENIGMA” SOB A DIREÇÃO DE LEÔNIDAS PORTELLA, AS ETAPAS FORAM:
• A escolha da escritora Clarice Lispector ditada pelo próprio diretor e a explicação do objetivo do espetáculo de um modo geral
• Pesquisa referente a escritora
• A escolha da musica (Toledo da Coletânea Solares-artista Corciolli) pelo interprete, fazendo uma composição de movimento a partir do estimulo musical, com a ajuda de alguns componentes presentes.
• A leitura de imagens que foram criadas a partir deste estimulo musical
• O estabelecimento de um conflito central relacionando o texto ao contexto com o objetivo de transformar sentimentalmente o publico que assiste
• A interação de movimentos com outros componentes do núcleo foi matéria primordial na construção da partitura.
• Construção de movimentos que surgiram de jogos teatrais, como vários quadrados de fitas feitos no chão.
IMAGENS UTILIZADAS NA CONTRUÇÃO DO SOLO:
• “Em um bosque uma mulher de vestido vermelho olhando para toda a família, logo em seguida aparece um homem e tenta agarra - lá,fadas coloridas aparecem em sua volta.Retorna correndo à sua casa, abraça uma criança e arranha na cabeça e a mesma desaparece.Desesperada leva a mão ao rosto e arranca um dos olhos.Depois percebe que estava dormindo e levanta da cama.As fadas tornam-se más. ( Imagem de Sarah Reis)
• Ver uma mulher sofrendo( sentimentos) Supera este sofrimento e abraça o mundo.(Imagem de Cleyce Colins)
• Uma mulher parada no meio da estrada com dois caminhos se seguisse pelo primeiro saberia que iria viver com os mesmo sentimentos, a mesma vida. Se fosse pelo segundo sentiria os sentimentos do mundo, uma nova vida,mas ela não escolheu nenhum dos dois.( Imagem de Luriana Barros)
• Mulher de vestido em passagem de um mundo, mas tinha que deixar o mundo de antes, isto lhe gerava uma dor, sofrimento até se libertar. Ao ver este outro mundo lhe deixou muito fraca. (Marlon Anderson)
EXPLORAÇÃO DE IMAGENS
Não utilizei uma imagem específica na construção do solo, todas foram de suma importância, cada frase ou termo grifando reflete-se na elaboração do mesmo.
Com uma leitura bem atenta as imagens observamos que todas estão interligadas de uma forma em que a separação entre elas torna-se desafiador no que desrespeito as manifestações do escrito de Lispector.
A imagem dos dois caminhos, os diversos mundo, a criação, sofrimento e sentimentos, todas se condensaram naturalmente em uma amálgama de sentidos e ordens artísticas que não poderá se pensar em uma multiplicidade de influencias separada.
UMA VIDA QUE SE ESCREVE
Mistério, a essência de um mistério campo de retratação da filosofia enigmática do homem, esta é Clarice situada de forma presente em seus escritos deixou para o mundo uma apaixonante história de vida, cheia de altos e baixos, de personalidade forte, rodeada por diversos admiradores, foi o inicio e a continuação da literatura brasileira, onde nada decifra o enigma que Clarice foi.
Impossível é separar a vida da autora de sua obra, tudo está interligado nada foi de simples acaso todas suas frases de forte impacto, retratavam sua infância sofrida, mas cheias de vitorias, seu caráter materno, a preocupação com o nordestino e entre outros relatos que se tornaram presente em sua vida. Rainha da epfania, eu ao ler seus desfechos literários, pensei que não seria capaz por demonstrar através de movimentos corpóreos a retratação de sua figura importante para todos nós. Optei pela vida da mesma como base e inicio, logo mais o mesmo inicio serviu de iniciativa na definição de alguns textos como o conto “Amor”, a poesia de Carlos Drummond de Andrade “Visão de Clarice Lispector” e a obra “A hora da estrela” textos que expressão sentimentos retratados aos fatos da vida, um simples esbarrão que pode trazer a lembrança acontecimentos de uma vida inteira, um mascar de chiclete de um comum cego sentado no banco do bonde pode trazer átona sentimentos nunca antes revelados.
Não existe uma ou duas, são inúmeras em uma, em cada pagina uma nova faceta e revelada ao leitor, novos amores são descobertos e ficam-se perguntas ao vento; será ou não será a Sr ª Lispector querendo se esconder por detrais de suas personagens que mais parecem alto retrato de sua vida? Ou será o fruto dos momentos de conflito entre ela e sua inseparável amiga: a máquina de escrever? No mundo nada responde o porquê da questão basta sentir e tudo virá com bombardeios de inquietação da expressividade de Clarice. Como colocar dentro de uma sala as paixões e dores desta mulher? Como sentir seus tormentos? E sua agonia no momento da queimadura no braço direito? Se eu não me entregar e me atirar em seus braços.
O som da máquina fala mais alto, diz o que tem de ser dito; - “ Quando não escrevo,estou morta”.Morre uma,duas, três, quantas vezes for possível até não viver mais, entretanto morre para escrever o que tem que ser escrito; -“ Quando eu não gosto,eu rasgo... Eu rasgo... rasgo até não gostar mais, rasgo uma, duas, três quantas vezes for possível até não rasgar mais ver que posso fazer o novo chegar a sua perfeição.
Labirinto dos poros, para mim um desafio, uma linha a ser quebrado, sair do normal e ficar inquieto com perguntas intrigantes na mente refletindo-se em repetições, em quedas, saltos e momentos de encontro. Minha vida se coincide com a de Clarice ao rasgar as folhas. Será coincidência?Creio que não, isto é, apenas a presença do ato.