Resumo
O referente trabalho busca apresentar uma leitura das relações existentes entre superiores e subordinados dentro da estrutura de patentes militares ao ponto da perspectiva Nietzscheana, pelo qual se observa a vontade de poder encontrada nos praças em relação aos oficias. Consequentemente esta relação alimenta-se de um desejo de ressentimento por parte dos praças, onde este cria uma condição de sentir-se superior quando elevado de patente para subjugar seus futuros subordinados.
Palavra-chave: Nietzsche. Militarismo. Poder. Exército Brasileiro.
1. INTRODUÇÃO
Caserna é a maneira carinhosa dos quais os militares rotineiramente chamam o ambiente do quartel, das escolas militares (EsSa – Escola de Sargento das Armas), das academias; neste caso a AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), dos centros de formação ( NPOR / CPOR – Núcleo/ Centro de Preparação de Oficias da Reserva). Desta forma esta palavra desloca nossos sentidos para uma habitação controladora de processos e de comportamentos não havendo possibilidade de discordâncias, novas ideias ou até mesmo em casos mais extremos algumas melhorias.
Assim, o militar formado ou como se costuma dizer o militar adestrado gera em seu espirito uma vontade de poder, a qual é realizada no momento de transição de seu estado de subordinado para superior e até mesmo a elevação moral por dentre seus pares.
2. O ESPIRITO DE VINGANÇA
O ressentimento de escravo para a condição servil colocado por Nietzsche em sua genealogia da moral provém de uma moral ocidental a qual o próprio filósofo refere-se ao judaísmo, que por sua vez apresenta-se enquanto um servo fiel cumplice da dor, está dor que levaria a purificação e um afastamento do prazer por meio de sua condição corporal dando importância extrema ao espirito.
“[...] não se castigou porque se responsabilizava o delinquente por seu ato, ou seja, não pelo pressuposto de que apenas o culpado devia ser castigado – e sim como ainda hoje seus pais castigam seus filhos, por raiva devida a um dano sofrido, raiva que se desafoga em que o causou; mas mantida em certos limites, e modificada pela ideia de que qualquer dano encontra em seu equivalente e pode ser realmente compensado, mesmo que seja com a dor do seu causador.” (NIETZSCHE, 2009, p. 48).
Desta maneira, Nietzsche elabora uma crítica ao elemento de afirmação pelo qual se move o pensamento da condição servil abrindo espaço para que as estruturas do espirito de vingança dialoguem inteiramente com o afastamento do prazer. Esta dor impulsionaria a um apelo de misericórdia existente no deslocamento da condição de escravo até a condição servil, neste âmbito o que vale é realmente poder concretizar a determinada vontade de poder, visto que a classe de sacerdotes mobiliza os escravos contra os guerreiros obtendo mais uma vez o espirito de ressentimento a qual se encontra os valores naturais e nobres.
Neste conceito compreendemos que o espirito de vingança comporta-se na autoridade de manifestar as condições de bom/mau e bem/ruim leva o homem do pensamento de Nietzsche para uma condição contingente e universal, tendo por base que estas condições em uma destruição do homem pelo homem. “Nesta esfera, a das obrigações legais, está o foco de origem desse mundo de conceitos morais: “culpa”, “consciência”, “dever”, “ sacralidade do dever”[...]” (p.50).
Ver o filosofo comentar tais condições, aprimora-se a diferenciação profunda do homem e humano e a uma preservação da vida gerando-lhe conforto um tipo superior de homem e o estabelecimento das condições para a sua produção e, por outro, o produto da autodiminuição do homem e as estratégias para a sua proliferação.
3. SUPERIOR ENTENDIDO COMO SUBJULGAR
Dentro do RDE ( Registro Disciplinar do Exercito) concentra um serie de regras, direito e deveres que tanto praças e oficias seguem, ainda contém as necessidades para a obtenção da promoção, os valores da pena e das relações com outras forças. Visto tais coisas inserisse nessa ideia que as ordens precedem de uma determinação anterior a aquela já colocada.
As normas para bom comportamento são alcançadas mediantes esforço e sacrifícios, afinal dentro desta estrutura militar o rigor técnico é exigido mais que o pratico, por sua vez aprendemos o espirito de vingança encontra seu uso enquanto verdade dessas relações, Isto de certa forma organizam toda a estrutura., no enteando o reigos pratico volta a ser utilizado pela norma sócias.
Aquele que foi aprisionado, subjugado, após seu encontro com a vontade de poder opera na logica de igualar-se posicionalmente a sua figura de poder mais importante, em outras palavras nasce do individuo fazer novamente as atividades que fez de maneira opressiva sobre outros. Tendo em vista as relações dos praças com oficias percebemos que o desejo do praça e torna-se oficial, por isso seu discurso apresenta-se sempre como apelativo diante de seus pares. Aqui a classe de guerreiros se destaca em meio aos oficias obtendo suas virtudes pelo corpo.
O praça necessita subjugar para poder sentir-se útil em meio ao oficial, embora o oficial necessite estar em estrema condição de sobrevivência, pois o mesmo é o referencial do praça. Sempre o oficial opera na vontade de Senhor e responsável por suas ações , assim o oficial ver seu subordinado enquanto algo do passado ou nunca vivido, isto que difere do praça que almeja vontade de ser oficial.
A moral de rebanho encontra intimamente na condição de soldado recruta para soldado antigo; aqui os pares se diferem dentro de um mesmo espaço e o soldado antigo ( EP- Efetivo Profissional) transfere toda sua raiva para seu par, mais moderno, entretanto de mesma patente; o seu espírito de vingança obtido pela subjugação de seu superior, neste caso principalmente o Aspirante-Oficial, 2ª e 1ª Tenente e o Capitão, estes se comportam como a personificação dos valores.
4. CONCLUSÃO
Nietzsche não só demonstra um gênio perturbado com as relações dos homens, mas também nos perturba, levando-nos a questionar os laços relacionais que todos temos. Se o recém chegado dos cursos de armas da AMAN chega em qualquer CRM – Centro de região militar, ele opera enquanto espiro de vingança, fazendo sua opressão transforma-se em metodologia de trabalho.
Ao contrario do soldado que desloca unicamente seu espírito de vingança a outro soldado nunca ao oficial. Assim Nietzsche se depara com a intrínseca relação da precedência dos valores e seu deslocamento para as ações do homem.
REFERÊNCIAS
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
REGULAMENTO DISCIPLINAR DO EXÉRCITO - R-4 - MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO GABINETE DO COMANDANTE
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Arte enquanto virtude para a verdade: análise do Livro VI de Ética a Nicômacos
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é apresentar uma das disposições em virtude das quais a alma possui verdade, neste caso: a arte. O aprimoramento do conhecimento desta virtude se encontra no Livro VI de Ética a Nicomacos. Para tal busquemos apresentar alguns detalhes referentes a isto que compõe o nosso objetivo.
A obra foi escrito por Aristóteles e dedicado ao seu pai chamado Nicômaco. Essa obra é composta por dez livros, no qual Aristóteles assume o papel de um pai preocupado com a educação e a felicidade de seu filho, mas não somente isso, mas também a intenção de fazer com que as pessoas reflitam sobre as suas ações e coloque a razão acima das paixões, buscando a felicidade individual e coletiva, pois o ser humano é um ser social e suas práticas devem visar o bem comum.
E, sobre este bem comum analisaremos a virtude que consta na classe das coisas variáveis reconhecendo a diferenciação do agir e o produzir. A qual Aristóteles desloca totalmente o sentido de produzir para a arte.
2. ARTE ENQUANTO DISPOSIÇÃO DE VIRTUDE
Segundo Aristóteles, são cinco as virtudes pelas quais a alma possui a verdade: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a intuição ou razão intuitiva. A questão colocada no texto “Ética a Nicômaco”, livro VI é, na verdade, a finalidade real da sabedoria prática e da sabedoria filosófica, sendo a primeira de ordem deliberativa e a segunda, segundo Aristóteles, de ordem de conhecimento cientifica juntamente com a razão intuitiva daquelas coisas mais elevadas por natureza. Além destas, existe a sabedoria política a qual se identifica com a sabedoria prática na disposição mental, mas em sua essência não é a mesma, e também a arte.
De acordo com Aristóteles, na Ética a Nicômaco, "a arte é uma disposição que se ocupa de produzir, envolvendo o reto raciocínio; e a carência de arte, pelo contrário, é tal disposição acompanhada de falso raciocínio". Em outras palavras, para Aristóteles, a arte é a capacidade de produzir, utilizando um conhecimento sobre a maneira de se fazer às coisas, mas não se remete ao agir. Seria uma ciência como um conhecimento demonstrativo do necessário e do eterno, podendo ser ensinado ou demonstrado pela indução. Toda arte é relacionada com a criação, invenção, no estudo das maneiras desta produção, de coisas que existem ou ainda não. Diz Aristóteles que “a arte e o acaso visam sobre os mesmos objetos”.
Assim, a arte comportaria um elemento e a capacidade de produzir em quem produz levando ao ser de virtude uma iluminação constante para a alma, insubstituível para o homem ao se descobrir a verdade.
3. AGIR DIFERE DE PRODUZIR
A arte relaciona-se a criação e a criação a arte, desta forma Aristóteles aborta o gênero artístico de virtude em sua intimidade extrema de “criar”, visto que criar é atribuído a um saber de sabedoria, pois a sabedoria dentro das artes é sempre atribuída aos seus expoentes, com isso o sábio, aquele artista de referencia possui o conhecimento necessário para a criação, assim o mesmo opera na dinâmica da virtude em sua verdade com a alma levando em consideração o desejo de produzir sua obra artística.
“Visto que a arquitetura é uma arte, sendo essencialmente uma capacidade de produzir, e não há arte alguma que não seja uma capacidade dessa espécie que não seja uma arte, a arte é idêntica a uma capacidade de produzir, envolvendo o reto raciocínio”.
Sobre esta comparação insere-se que toda arte ocupa-se a inventar e a analisar as inúmeras maneiras de produzir qualquer coisa se encontre no âmbito da virtude, por sua vez o agir não é um produzir, este apenas reage de acordo com sua natureza. O agir pelo agir não amplia a dimensão natural e a necessária da condição humana, uma projeção da alma que possibilita a verdade. Aristóteles ainda distingue mais detalhadamente o agir como objeto e o produzir enquanto contemplação, e a virtude moral, que tem como objeto os atos da vida prática. Enquanto que a virtude intelectual requer experiência e tempo para desenvolver-se, pois vem, via de regra, através do ensino, a virtude moral é adquirida pelo hábito.
Diferentemente dos sentidos que já estão presentes em nós desde o início, isto é, os possuímos antes de usá-los, as virtudes são adquiridas pelo exercício. Por fim o agir diferencia-se do produzir através da arte na tentativa de dialogar com as coisas que se mantem nas artes.
4.CONCLUSÃO
A arte é, portanto ação, atividade de criar e não de agir, e aquele que em sua alma possui verdade é aquele que produz, num produzir dentro de um projeto concreto, individual, pois não se pode produzir de maneira abstrata.
Em sua forma de compreensão Aristóteles aprimora o produzir da arte através de sua excelência, esta pela qual é encontrada em uma sabedoria perfeita com seu sentido único e particular da virtude.
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 4 ed. Brasília: UnB, 2001.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Desafios da personagem – 1ª PARTE
Durante ano de 2012 acordava todos os dias às 05h30min da manhã em ponto, me direcionava para o quartel, já levantava com o desejo incontrolável que o dia terminasse. Casado do tédio de viver em um ambiente onde não há sensibilidade da alma e o sentimento de patriotismo não passa de um grande ensaio, envolvido pelo stress, e tendo que tomar remédio para a depressão nada mais me fazia ter alegria a não ser o teatro, no entanto uma coisa me chamava atenção. Era uma frase que lia todos os dias na frente do alojamento: A Vida não é fácil, está frase ecoava sobre meus pensamentos em forma de uma tonelada, talvez porque outrora, quando mais moço, já sabia na pele o sentido real desta frase, e sempre no caminho de volta para casa era o momento de parafrasear a frase: O TEATRO NÃO É FÁCIL!!!!!!, E muito mais... A PERSONAGEM NÃO É FÁCIL, aqueles que se dizem atores, que se dizem fazerem parte de uma Cia, não compreendem a dimensão desta frase. Não é fácil depois de uma semana no mato aprendendo técnicas que no fundo nunca dariam certo, passar três dias sem dormir e no final ainda ter mais 40% de sua energia vital e transforma-lá em 1000% para a personagem. É deste teatro que falo diante das dificuldades com intuito de converte-lás em ferramentas para se viver unicamente a cada apresentação com sua personagem (seu outro eu). Além do mais, quando este personagem não existe, habita em um não-lugar, em uma não-existência, e exige um esforço psíquico maior de atuação, a partir de então o ator, que já detém experiência de bailarino, domínio do corpo, prática de atividades físicas a qual foram ferramentas e meios para a caveira que muitos já assistiram, percebe que lhe falta um complemento da técnica, leitura e prática; sendo só na prática que se tem o domínio, talvez se depois da primeira apresentação de “Um dedo por um dente”, Eu , Igor e Nuno tivéssemos enterrado nossa obra, como fazem alguns artistas da cena maranhense, não estaríamos hoje com um desejo e a ganância em prol de um teatro que nos preencha. Tenho ainda certeza mediante os erros e acertos que faríamos tudo de novo; carregar o cenário pelos mesmos locais... apresentar para quase ninguém... para uma multidão... Enfrentarímos os mesmos desafios, pois isto torna um investimento a longo prazo. E o exército? E a hérnia? E as perdas? Estes foram empecilhos que não nos desanimaram, por sua vez um dia o público apareceu e a personagem não estava lá, no entanto o Torquato e Procópio não se abateram. Um dedo por um dente, além de espetáculo, é um carimbo de amizade compartilhando da glória e da derrota e também uma escola para aprender a como se fazer teatro e enfrentar os desafios que a personagem coloca ao ator....
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