quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

MORAL DE REBANHO E A VIDA NA CASERNA: a Genealogia da moral dentro da estrutura militar do Exército Brasileiro

Resumo

O referente trabalho busca apresentar uma leitura das relações existentes entre superiores e subordinados dentro da estrutura de patentes militares ao ponto da perspectiva Nietzscheana, pelo qual se observa a vontade de poder encontrada nos praças em relação aos oficias. Consequentemente esta relação alimenta-se de um desejo de ressentimento por parte dos praças, onde este cria uma condição de sentir-se superior quando elevado de patente para subjugar seus futuros subordinados.
Palavra-chave: Nietzsche. Militarismo. Poder. Exército Brasileiro.



1. INTRODUÇÃO

Caserna é a maneira carinhosa dos quais os militares rotineiramente chamam o ambiente do quartel, das escolas militares (EsSa – Escola de Sargento das Armas), das academias; neste caso a AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), dos centros de formação ( NPOR / CPOR – Núcleo/ Centro de Preparação de Oficias da Reserva). Desta forma esta palavra desloca nossos sentidos para uma habitação controladora de processos e de comportamentos não havendo possibilidade de discordâncias, novas ideias ou até mesmo em casos mais extremos algumas melhorias.
Assim, o militar formado ou como se costuma dizer o militar adestrado gera em seu espirito uma vontade de poder, a qual é realizada no momento de transição de seu estado de subordinado para superior e até mesmo a elevação moral por dentre seus pares.




2. O ESPIRITO DE VINGANÇA
O ressentimento de escravo para a condição servil colocado por Nietzsche em sua genealogia da moral provém de uma moral ocidental a qual o próprio filósofo refere-se ao judaísmo, que por sua vez apresenta-se enquanto um servo fiel cumplice da dor, está dor que levaria a purificação e um afastamento do prazer por meio de sua condição corporal dando importância extrema ao espirito.
“[...] não se castigou porque se responsabilizava o delinquente por seu ato, ou seja, não pelo pressuposto de que apenas o culpado devia ser castigado – e sim como ainda hoje seus pais castigam seus filhos, por raiva devida a um dano sofrido, raiva que se desafoga em que o causou; mas mantida em certos limites, e modificada pela ideia de que qualquer dano encontra em seu equivalente e pode ser realmente compensado, mesmo que seja com a dor do seu causador.” (NIETZSCHE, 2009, p. 48).
Desta maneira, Nietzsche elabora uma crítica ao elemento de afirmação pelo qual se move o pensamento da condição servil abrindo espaço para que as estruturas do espirito de vingança dialoguem inteiramente com o afastamento do prazer. Esta dor impulsionaria a um apelo de misericórdia existente no deslocamento da condição de escravo até a condição servil, neste âmbito o que vale é realmente poder concretizar a determinada vontade de poder, visto que a classe de sacerdotes mobiliza os escravos contra os guerreiros obtendo mais uma vez o espirito de ressentimento a qual se encontra os valores naturais e nobres.
Neste conceito compreendemos que o espirito de vingança comporta-se na autoridade de manifestar as condições de bom/mau e bem/ruim leva o homem do pensamento de Nietzsche para uma condição contingente e universal, tendo por base que estas condições em uma destruição do homem pelo homem. “Nesta esfera, a das obrigações legais, está o foco de origem desse mundo de conceitos morais: “culpa”, “consciência”, “dever”, “ sacralidade do dever”[...]” (p.50).
Ver o filosofo comentar tais condições, aprimora-se a diferenciação profunda do homem e humano e a uma preservação da vida gerando-lhe conforto um tipo superior de homem e o estabelecimento das condições para a sua produção e, por outro, o produto da autodiminuição do homem e as estratégias para a sua proliferação.





3. SUPERIOR ENTENDIDO COMO SUBJULGAR

Dentro do RDE ( Registro Disciplinar do Exercito) concentra um serie de regras, direito e deveres que tanto praças e oficias seguem, ainda contém as necessidades para a obtenção da promoção, os valores da pena e das relações com outras forças. Visto tais coisas inserisse nessa ideia que as ordens precedem de uma determinação anterior a aquela já colocada.
As normas para bom comportamento são alcançadas mediantes esforço e sacrifícios, afinal dentro desta estrutura militar o rigor técnico é exigido mais que o pratico, por sua vez aprendemos o espirito de vingança encontra seu uso enquanto verdade dessas relações, Isto de certa forma organizam toda a estrutura., no enteando o reigos pratico volta a ser utilizado pela norma sócias.
Aquele que foi aprisionado, subjugado, após seu encontro com a vontade de poder opera na logica de igualar-se posicionalmente a sua figura de poder mais importante, em outras palavras nasce do individuo fazer novamente as atividades que fez de maneira opressiva sobre outros. Tendo em vista as relações dos praças com oficias percebemos que o desejo do praça e torna-se oficial, por isso seu discurso apresenta-se sempre como apelativo diante de seus pares. Aqui a classe de guerreiros se destaca em meio aos oficias obtendo suas virtudes pelo corpo.
O praça necessita subjugar para poder sentir-se útil em meio ao oficial, embora o oficial necessite estar em estrema condição de sobrevivência, pois o mesmo é o referencial do praça. Sempre o oficial opera na vontade de Senhor e responsável por suas ações , assim o oficial ver seu subordinado enquanto algo do passado ou nunca vivido, isto que difere do praça que almeja vontade de ser oficial.
A moral de rebanho encontra intimamente na condição de soldado recruta para soldado antigo; aqui os pares se diferem dentro de um mesmo espaço e o soldado antigo ( EP- Efetivo Profissional) transfere toda sua raiva para seu par, mais moderno, entretanto de mesma patente; o seu espírito de vingança obtido pela subjugação de seu superior, neste caso principalmente o Aspirante-Oficial, 2ª e 1ª Tenente e o Capitão, estes se comportam como a personificação dos valores.







4. CONCLUSÃO

Nietzsche não só demonstra um gênio perturbado com as relações dos homens, mas também nos perturba, levando-nos a questionar os laços relacionais que todos temos. Se o recém chegado dos cursos de armas da AMAN chega em qualquer CRM – Centro de região militar, ele opera enquanto espiro de vingança, fazendo sua opressão transforma-se em metodologia de trabalho.
Ao contrario do soldado que desloca unicamente seu espírito de vingança a outro soldado nunca ao oficial. Assim Nietzsche se depara com a intrínseca relação da precedência dos valores e seu deslocamento para as ações do homem.


















REFERÊNCIAS

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
REGULAMENTO DISCIPLINAR DO EXÉRCITO - R-4 - MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO GABINETE DO COMANDANTE



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