quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Arte enquanto virtude para a verdade: análise do Livro VI de Ética a Nicômacos



1. INTRODUÇÃO


O objetivo deste trabalho é apresentar uma das disposições em virtude das quais a alma possui verdade, neste caso: a arte. O aprimoramento do conhecimento desta virtude se encontra no Livro VI de Ética a Nicomacos. Para tal busquemos apresentar alguns detalhes referentes a isto que compõe o nosso objetivo.
A obra foi escrito por Aristóteles e dedicado ao seu pai chamado Nicômaco. Essa obra é composta por dez livros, no qual Aristóteles assume o papel de um pai preocupado com a educação e a felicidade de seu filho, mas não somente isso, mas também a intenção de fazer com que as pessoas reflitam sobre as suas ações e coloque a razão acima das paixões, buscando a felicidade individual e coletiva, pois o ser humano é um ser social e suas práticas devem visar o bem comum.
E, sobre este bem comum analisaremos a virtude que consta na classe das coisas variáveis reconhecendo a diferenciação do agir e o produzir. A qual Aristóteles desloca totalmente o sentido de produzir para a arte.







2. ARTE ENQUANTO DISPOSIÇÃO DE VIRTUDE


Segundo Aristóteles, são cinco as virtudes pelas quais a alma possui a verdade: a arte, o conhecimento científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a intuição ou razão intuitiva. A questão colocada no texto “Ética a Nicômaco”, livro VI é, na verdade, a finalidade real da sabedoria prática e da sabedoria filosófica, sendo a primeira de ordem deliberativa e a segunda, segundo Aristóteles, de ordem de conhecimento cientifica juntamente com a razão intuitiva daquelas coisas mais elevadas por natureza. Além destas, existe a sabedoria política a qual se identifica com a sabedoria prática na disposição mental, mas em sua essência não é a mesma, e também a arte.
De acordo com Aristóteles, na Ética a Nicômaco, "a arte é uma disposição que se ocupa de produzir, envolvendo o reto raciocínio; e a carência de arte, pelo contrário, é tal disposição acompanhada de falso raciocínio". Em outras palavras, para Aristóteles, a arte é a capacidade de produzir, utilizando um conhecimento sobre a maneira de se fazer às coisas, mas não se remete ao agir. Seria uma ciência como um conhecimento demonstrativo do necessário e do eterno, podendo ser ensinado ou demonstrado pela indução. Toda arte é relacionada com a criação, invenção, no estudo das maneiras desta produção, de coisas que existem ou ainda não. Diz Aristóteles que “a arte e o acaso visam sobre os mesmos objetos”.
Assim, a arte comportaria um elemento e a capacidade de produzir em quem produz levando ao ser de virtude uma iluminação constante para a alma, insubstituível para o homem ao se descobrir a verdade.






3. AGIR DIFERE DE PRODUZIR


A arte relaciona-se a criação e a criação a arte, desta forma Aristóteles aborta o gênero artístico de virtude em sua intimidade extrema de “criar”, visto que criar é atribuído a um saber de sabedoria, pois a sabedoria dentro das artes é sempre atribuída aos seus expoentes, com isso o sábio, aquele artista de referencia possui o conhecimento necessário para a criação, assim o mesmo opera na dinâmica da virtude em sua verdade com a alma levando em consideração o desejo de produzir sua obra artística.

“Visto que a arquitetura é uma arte, sendo essencialmente uma capacidade de produzir, e não há arte alguma que não seja uma capacidade dessa espécie que não seja uma arte, a arte é idêntica a uma capacidade de produzir, envolvendo o reto raciocínio”.







Sobre esta comparação insere-se que toda arte ocupa-se a inventar e a analisar as inúmeras maneiras de produzir qualquer coisa se encontre no âmbito da virtude, por sua vez o agir não é um produzir, este apenas reage de acordo com sua natureza. O agir pelo agir não amplia a dimensão natural e a necessária da condição humana, uma projeção da alma que possibilita a verdade. Aristóteles ainda distingue mais detalhadamente o agir como objeto e o produzir enquanto contemplação, e a virtude moral, que tem como objeto os atos da vida prática. Enquanto que a virtude intelectual requer experiência e tempo para desenvolver-se, pois vem, via de regra, através do ensino, a virtude moral é adquirida pelo hábito.
Diferentemente dos sentidos que já estão presentes em nós desde o início, isto é, os possuímos antes de usá-los, as virtudes são adquiridas pelo exercício. Por fim o agir diferencia-se do produzir através da arte na tentativa de dialogar com as coisas que se mantem nas artes.













4.CONCLUSÃO

A arte é, portanto ação, atividade de criar e não de agir, e aquele que em sua alma possui verdade é aquele que produz, num produzir dentro de um projeto concreto, individual, pois não se pode produzir de maneira abstrata.
Em sua forma de compreensão Aristóteles aprimora o produzir da arte através de sua excelência, esta pela qual é encontrada em uma sabedoria perfeita com seu sentido único e particular da virtude.







REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 4 ed. Brasília: UnB, 2001.

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